quinta-feira, 19 de agosto de 2010

"ENTRE INFERNOS, ENTRE CAMINHOS" (crítica)

"A vida sempre apresenta suas alternativas. Ela é tão cheia de opções contrárias, diversas, paralelas, irmãs! O espetáculo "Entre Infernos" é um grande OU. O tempo todo ele te faz sentir como a vida. Entre alternativas, alternadas e ativas. A grande questão levantada pelo texto nada mais é que um pretexto: política versus religião. Na verdade, o por trás do óbvio é o mais interessante mostrado pelos atores e atrizes da Cia. Putz nessa bela montagem da dramaturgia de Tarcízio Dalpra Jr.. A palavra ou a ação? O medo ou a coragem? O real ou o imaginário? O vinho ou o suco? A morte ou algo que fica no limbo. Porque ali, não há saídas pelo fundo. Ou você vive o que ela te propõe ou você desiste. Ponto.
Garanto que vivi. E senti no peito uma grande porrada, que estremeceu o meu estômago, bateu e voltou no cérebro e se instalou na alma. Ainda penso no que vi naquele fantástico Teatro da Casa D'Itália! Não haveria lugar melhor para abrigar luzes, galhos, livros, garrafas e sangue. O cenário é impecável. A montagem o preenche. E sua concepção é tão íntima e pessoal, que é impossível não ver cada traço do diretor Pablo Sanábio nos gestos, entonações, sentimentos dos nove atores em cena. E a entrega de cada um deles à proposta é louvável. É linda também a forma como o espetáculo dialoga com o cinema, em momentos tão singulares quanto perfeitos. São escolhas, simples assim. Ousadas ou não, pertinentes ou inúteis, escolhas que sempre faremos. E que em algum momento nos farão acordar, como no grito ensurdecedor das garrafas, um dos momentos mais sublimes de "Entre Infernos".
Grande espetáculo. E, só para constar, assistí-lo não é uma escolha. É uma necessidade."

Lilian Werneck
(Jornalista e diretora em audiovisual)

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